Tomaram posse, no dia 3 de janeiro, na sede da Associação Mineira do Ministério Público (AMMP), os integrantes da nova Diretoria, Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal e Conselho Deliberativo do Interior para o biênio 2022-2024. O corpo diretivo é encabeçado pela Promotora de Justiça Larissa Rodrigues Amaral, primeira mulher a comandar a entidade em 68 anos.
A solenidade de posse administrativa foi aberta pelo ex-presidente da AMMP, Joaquim Cabral Netto, que relembrou do seu período no cargo e desejou uma boa jornada à nova presidente. “Eu gostaria de cumprimentar esta casa, homens e mulheres, pela escolha que fizeram na eleição democrática e aberta a todas as vontades e desejos. Elegemos uma colega para presidente da nossa Associação.
Há 47 anos, eu assumia a presidência da Associação Mineira do Ministério Público. Uma história que talvez eu possa contar rapidamente quando da posse festiva da nossa ilustre presidente. Fui o primeiro Promotor de Justiça de Minas Gerais a assumir a presidência da associação. 47 anos depois, o fato se repete de uma outra forma. É primeira vez que uma Promotora assume o comando de uma casa que fora, antes, essencialmente de homens. Ela assume o comando com a esperança, com alegria e os votos da melhor administração de todos nós, homens e mulheres que integram o Ministério Público de Minas Gerais. “
O presidente Enéias Xavier Gomes, em seu discurso de transmissão de cargo, celebrou o período na AMMP e desejou êxito para Larissa Rodrigues Amaral.
“Sou tomado por um sentimento de saudade e alívio, com muito mais doses para o primeiro. Começo a me lembrar do início da caminhada, quando, conversando com o Dr. Perdigão, ele me disse: ‘Enéias, vamos fazer uma transição de gerações na Associação’, e me convidou para participar. Para bem da verdade, foi um autoconvite meu também, para que eu viesse a integrar a Associação. Começo a me lembrar das tratativas e das conversas. O Dr. Rômulo participou de várias, o Dr. Epaminondas e o Dr. Paulo Cançado também. A gente tinha a ideia de trazer umas mudanças para a Associação. Trouxemos o Dr. Fabiano Furlan, que teve uma atuação voltada para a assistência social e tentamos dar um novo olhar para a Associação.
Mas, nessa caminhada, eu sempre tive o Dr. Perdigão como motorneiro. Lembro-me de um conto do Eduardo Galeano, do Livro dos Abraços, sobre o menino que pede a um ancião para ver o mar. Eles andaram vários dias atravessando dunas. Quando chegam na duna mais alta, o menino fica encantado e paralisado com a beleza do mar e diz: ‘me ensina a ver’. Foi mais ou menos essa caminhada que o Perdigão fez quando nós fomos a Brasília, e no momento de a gente conhecer o associado. Ali eu aprendi que o mais bonito na associação é a alegria servir, de você poder se doar e caminhos que cruzam e entrecruzam por essas salas e pelos espaços que pertencem ao Ministério Público. Mas também conheci o lado triste da vida associativa, que é se deparar com essa pétala frágil que é a vida. Vários colegas nos deixaram, inclusive registro a morte do sempre presidente Dr. Luiz Carlos Abritta. Vários colegas que fazem nos nossos corações memórias e lembranças que vamos guardar para o resto de nossas vidas.
Na Associação, eu também descobri um mundo de funcionários que se doam dia a dia. Nós sabemos que temos associados dos mais diversos possíveis […]. Os nossos funcionários são sempre zelosos, acolhedores e preparam tudo com o máximo de carinho. Descobri também um mundo de Promotores e Procuradores de Justiça, muitas vezes anônimos, que fazem um trabalho maravilhoso no dia a dia, que se dedicam de corpo e alma ao trabalho, que são verdadeiros abnegados. Aqui eu aprendi a importância dos nossos pensionistas. Sempre tão carinhosos, sempre com uma alegria tão grande, com uma amizade gratuita. Passei a conviver com nossos aposentados. O Dr. Odélio vem aqui quase todos os dias ler o jornal, sempre muito educado e afável. O Dr. Viola vem aqui quase todos os dias. Aprendi a ver a importância dos aposentados.
Eu gostaria de fazer um registro: a minha geração pegou uma instituição pronta. Pegamos um Ministério Público moldado, já construído pelos aposentados que hoje estão aqui. Se nós temos o Ministério Público estruturado, devemos isso às gerações que nos antecederam. Hoje, eu diria que 60% dos membros do Ministério Público têm menos de 45 anos. Portanto é uma geração pós-Constituição. Essa geração já pegou uma sociedade democrática após a juventude. Essa é uma preocupação que temos que manter.
Eu sou de 78, na minha adolescência eu não convivi com pessoas desaparecidas, não convivemos com pessoas mortas, a minha geração não conviveu com pessoas que não podiam escrever o que pensavam, não podiam colocar nos jornais aquilo em que acreditavam e, muitas vezes, não podiam ouvir as músicas que elas queriam ouvir. Havia, naquela época, uma censura. O Ministro Barroso lembrou há alguns dias que todas as músicas eram submetidas à censura. Claro que havia espaço para brincadeiras. O Ministro Barroso lembrou de algumas passagens que são até hilárias.
Por exemplo, Chico Buarque quando fez a música Jorge Maravilha para Ernesto Geisel. Sua filha havia dito no jornal que gostava muito das músicas do Chico. Então Chico escreve uma música dizendo: ‘você não gosta de mim, mas sua filha gosta’. Era um tempo sofrido. Minha geração já recebeu uma sociedade mais desenvolvida nesse sentido, mas com outros problemas que a minha sociedade não conseguiu resolver: fome, miséria e violência. Temos perdido de 7 a 1, basta ter olhos para ver. Basta chegar na porta da Associação que enxergamos isso diariamente. Esse talvez seja o desafio que a nossa geração tem. Desafio também em outra questão que faz parte da realidade: as fake news. A geração dos grupos de Whatsapp. Eu digo que é a moderna caverna de Platão, onde as pessoas se ofendem de forma gratuita e nós ainda não conseguimos extrair o que esses grupos tem de melhor. Há um espaço enorme para que a gente possa melhorar esse diálogo e essa forma de afeto. Foi isso o que aprendi na Associação.
O que eu levo daqui são as melhores lembranças. Virei para vê-los, virei, sempre que possível, aos nossos Chás dos Aposentados, e virei às nossas viagens.
Gostaria de dizer que a Dra. Larissa tem todas as condições para fazer uma boa gestão. Ela é capaz, é preparada, é bem-intencionada e, acima de tudo, uma pessoa de bem e tem a experiência necessária para o cargo. Conhece bem Brasília, conhece bem o que é a Associação, conhece bem os aposentados, os pensionistas, as nossas dificuldades e as nossas facilidades. Se eu puder dar um único conselho é que ela nunca se mire pelos olhos dos outros. No elogio e na crítica. Larissa, minha vice-presidente de ontem, minha presidente a partir de hoje e minha amiga de sempre, voe alto, mergulhe profundo e faça seu caminho. ”
A cerimônia de posse foi encerrada pela presidente Larissa Rodrigues Amaral, que exaltou a importância de membros da diretoria anterior e expressou que a AMMP seguirá atuante na defesa das prerrogativas do Ministério Público.
“A história da AMMP continua. É com muita honra que farei parte de mais um de seus capítulos presidindo a Associação Mineira do Ministério Público com seus 68 anos marcados por lutas e conquistas. Casa que sempre será o palco da afirmação da instituição ministerial. A importância e grandiosidade da nossa entidade de classe é fruto do trabalho e dedicação de todos ex-presidentes, ex-diretores, associados, membros da ativa e aposentados que participaram de sua construção e solidez, sempre fieis aos seus ideais. Aqui conosco, representando os ex-presidentes da Associação e que teve a oportunidade de abrir a solenidade, temos o ex-presidente da AMMP e da nossa entidade nacional, a CONAMP, o ex-Corregedor-Geral, professor e historiador, Dr. Joaquim Cabral Netto, que lança luz ao presente ao firmar, em nossa memória, a longa jornada de acertos e desacertos, servindo como guia para decisões nas encruzilhadas do caminho. Seus relatos, Dr. Cabral, vindos de quem é a própria história, regados de bons cafés, são, para mim, verdadeiros conselhos de vida. Muito obrigada. Dr. José Silvério Perdigão, nosso presidente hoje, amanhã e sempre, que traz o espírito associativo no seu sangue. Que nos faz lembrar todos os dias como somos temporários no exercício da função e que uma grande liderança, como você é, deve ser exercida despida de qualquer vaidade, que cega e altera nossa percepção da realidade. Obrigada por me abrir portas quando integrei os quadros da diretoria sob a sua presidência como segunda vice-presidente. Obrigada por confiar em mim.
Presidente Enéias, eu poderia ficar falando horas e horas das suas inúmeras qualidades. Preparado, extremamente inteligente, daqueles que não se perdem em debates acadêmicos e teóricos porque possui habilidade, como poucos, de solucionar problemas, com a coragem que se espera de um grande timoneiro. Eu compartilhei ao seu lado momentos variados de grande pressão. E mesmo nos casos mais complexos, sempre com bastante ponderação e equilíbrio, ouvia a voz do seu coração para entregar sempre o melhor. Manteve a união da classe e honrou todos os dias o papel histórico de nossa entidade. Que privilégio meu receber a presidência de suas mãos, meu amigo. Sua jornada é longa e vitoriosa. Siga sua estrela na confiança de que jamais estará sozinho.
Ombreada por estes grandes homens e inspirada por tantos outros colegas de bom coração, assumo com grande responsabilidade a presidência da AMM,P após expressiva votação da classe em chapa única inscrita, demonstrativa do reconhecimento do trabalho realizado ao longo dos últimos anos. Retribuirei toda confiança com muito trabalho e dedicação. Firme no compromisso na luta inarredável pela preservação da independência e autonomia do Ministério Público, afastando qualquer tentativa de seu enfraquecimento. Com a união da classe, fundamental para reafirmar a nossa força e nossa unidade, seguiremos na necessária interlocução institucional por meio do transparente e independente diálogo com a administração superior, do respeitoso relacionamento com a nossa casa correcional, do caminho irmanado com a magistratura e nossa associação coirmã, a Amagis no enfrentamento dos desafios comuns e do imprescindível diálogo com os Poderes Executivo, Legislativo, sociedade, imprensa e demais instituições. E da atuação conjunta com a CONAMP, associações afiliadas e demais entidades de classe.
Avançaremos na pauta do fortalecimento e valorização do Ministério Público. A autonomia e independência do Ministério Público são fundamentais para que os membros possam exercer seu papel constitucional livre de qualquer tipo de ingerência. Sem Ministério Público forte e independente, não há democracia. Primaremos ainda por uma gestão eficiente, com canais modernos de comunicação e de aproximação com os associados, ouvindo a classe e prestando serviços a cada dia com mais qualidade, mantendo a robustez do nosso plano de saúde e de nosso patrimônio. Tudo isso, ladeada por nossos valorosos colegas que também tomam posse, hoje, integrando os conselhos Deliberativos da capital e do interior, o Conselho Fiscal e aqueles que partilharão comigo a Diretoria: Luz Maria, Vanessa Fusco, Júnia Balsamão, Fernanda Caram, que comigo, na condição de primeira mulher a presidir nossa Associação, seremos a diretoria com o maior número de mulheres em sua composição. E Francisco Generoso, Fabrício Ferragini, Vinícius Bigonha e José Silvério Perdigão. Tenho só duas mãos, portanto, hoje, tomamos posse um time. Peço, nas minhas orações a Deus, bênçãos naquilo que eu posso fazer. Emocionada e com muita alegria, como diz Guimarães Rosa: ‘qual é o caminho certo da gente? Nem para frente, nem para trás, só para cima’. Muito obrigada.”
Confira a íntegra da nova diretoria da AMMP:
Presidente – Larissa Rodrigues Amaral
1ª vice-presidente – Luz Maria Romanelli
2º vice-presidente – Francisco Chaves Generoso
3º vice-presidente – Fabrício Marques Ferragini
4º vice-presidente – Vinicius Bigonha Cancela Moraes de Melo
1ª diretora administrativa – Vanessa Fusco Nogueira Simões
2ª diretora administrativa – Fernanda Caram Monteiro
1º diretor financeiro – José Silvério Perdigão de Oliveira
2ª diretora financeira – Júnia Barroso Oliveira Balsamão
Conselho Deliberativo da Capital
Iraídes de Oliveira Marques
Josélia de Almeida Santos
Luiz Alberto de Almeida Magalhães
Marcos Viola de Carvalho
Patrícia Ribeiro de Oliveira
Paulo Roberto Moreira Cançado
Reivany Jabour Ribeiro
Conselho Deliberativo Interior
Calixto Oliveira Souza
Fábio Soares Guimarães Filho
Fernanda de Paula Silva
Fernando de Abreu Mendes
Hélio Pedro Soares
Wagner Marteleto Filho
Samuel Saraiva Cavalcante
Conselho Fiscal
Antônio José Leal
Décio Monteiro de Moraes
Epaminondas da Costa
Flávia Mussi Bueno do Couto
João Paulo Fernandes
Júlia Matos Frossard
Com informações e fotos da AMMP
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